25/05/2014

Comunicação, a velha dificuldade dos médicos.


Campinas dia 24 de julho de 2013. Estou na mesa de cirurgia do Hospital da UNICAMP e fui submetido a uma cirurgia de revascularização com implantação de duas pontes de safena e uma mamária.
            Para isso, os médicos "desligaram" meu coração e pulmões, conectando-me a uma máquina de circulação extracorpórea por mais de duas horas.
            Com isso, os riscos de eu ter um acidente aumentaram vertiginosamente... Foi o que aconteceu: uma placa de gordura tapou um dos vasos do cérebro e eu apaguei! Foi um acidente isquêmico que é, segundo os médicos, menos grave que o hemorrágico.
           Um dos médicos que me assistiram chegou a prever para minha mulher, Susana, que a paralisia de meu lado direito (braço e perna) era irreverssível, não voltaria mais a andar. Não sei exatamente o que aconteceu, mas meu organismo mostra disposição de contrariar as previsões mais sinistras. O movimento da mão e do braço já retornaram, embora os médicos não gostem de fazer previsões, parece certo que eu estou na iminência de voltar a andar.
           Três dias após a cirurgia meus familiares podiam comemorar o meu restabelecimento bem razoável. Recuperei a fala, raciocínio, memória, humor e restou-me a paralisia do braço e perna direita.
          Ao longo da vida estudei com certa profundidade a comunicação dos médicos com seus pacientes. Guardo comigo alguns apontamentos para sugerir aos profissionais da saúde de modo geral dicas para uma boa comunicação sobretudo na transmissão de más notícias. Num determinado momento aconselho os médicos: “a comunicação da má notícia não abre espaço para mentiras e nem tampouco para a verdade pronunciada com aquele distanciamento próximo da crueldade”.



6 comentários:

  1. Boa sorte, Dirceu, muita.

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  2. Querido tio Dirceu! Fico feliz por saber que vc está se recuperando, com vontade e empenho. Como médica, SEI que nada segura um paciente quando ele quer algo, viver ou morrer. Sei da sua garra e sei que conseguirá tudo o que se propuser. E, no caminho, umas tantas lições imprescindíveis serão aprendidas. Tínhamos conversado uma vez sobre esse tipo de iatrogenia que os médicos cometem e sei que pensou em uma espécie de cartilha. Exemplos não faltam. Conte comigo, Dirceu e tudo de bom pra vcs! beijo Solange

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  3. Fico feliz em saber que o Tio está se recuperando e contrariando as previsões pessimistas do pós AVC...ouvi muitas vezes que por causa da minha deficiência eu não poderia fazer muitas coisas...o meu dia a dia diz que eu POSSO...tenho limitações como qualquer outra pessoa...então...sigo em frente...Parabéns!!!! Sucesso!!!!!!!!!!!!Bjs Rosimar

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  4. Dirceu!

    Compartilho das duas opiniões: os médicos precisam aprender a se comunicar com qualidade e é possível contrariar qualquer previsão deles. Vou dar dois exemplos muito importantes na minha vida. Meu avô, quando tinha entre 40 e 50 anos, perdeu um rim. Fez uma cirurgia apressada, muito séria e, enquanto estava na mesa de cirurgia, o médico virou para a minha avó e disse: “Considere-se viúva.” Assim, à queima roupa. Ele viveu até os 92 muito bem e, quando estava bem velhinho, contava essa história e acrescentava: “pois esse médico já morreu há muito tempo.”. A outra é minha. Fui mãe tarde: depois dos 40. Tentei por muito tempo ter o meu primeiro filho, mas não conseguia por uma série de razões. Fiz tratamento, descobri que tinha um problema genético e tal. Fiz 41 anos e meu médico (respeitadíssimo na área) garantiu que teria que fazer urgentemente uma in-vitro porque, com os próprios óvulos, só era possível ter filho até os 42. Fiz, graças a Deus, deu tudo certo. Meu filho nasceu quase no meu aniversário como um presente. Quando ele fez 1 ano, e eu, 43, por um descuido, engravidei de novo. A gravidez evoluiu perfeitamente e tive até parto normal, (também desaconselhável por qualquer médico para mulheres acima de 40). Meu segundo filho nasceu quase no táxi e não deu tempo do obstetra chegar. Não digo que o médico de reprodução estava sendo irresponsável, claro que gravidez tardia é algo arriscado. Mas médicos não são deuses. Não são donos da verdade. Desejo (e acredito nisso) uma recuperação excelente, no tempo certo. Bjs, Ana

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  5. Sr. Dirceu,

    Esse texto reflete falas de muitos dos meus pacientes. Infelizmente ainda é comum o fato de profissionais da saúde fornecerem prognósticos funcionais muito ruins, mesmo antes do início de qualquer tentativa de reabilitação.
    Na prática, entretanto, nos deparamos diariamente com a superação e resiliência de crianças, adultos e idosos, que caso se baseassem nesses prognósticos, talvez nunca tivessem se dado a chance de tentar.
    Fico feliz que o senhor e tantos outros, não desistiram, confiaram em seu potencial e nas possibilidades de reabilitação e adaptação à nova condição de vida.
    Parabéns pelo texto!
    Abraços,

    Tharsila

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  6. Sr. Dirceu,

    Esse texto reflete falas de muitos dos meus pacientes. Infelizmente ainda é comum o fato de profissionais da saúde fornecerem prognósticos funcionais muito ruins, mesmo antes do início de qualquer tentativa de reabilitação.
    Na prática, entretanto, nos deparamos diariamente com a superação e resiliência de crianças, adultos e idosos, que caso se baseassem nesses prognósticos, talvez nunca tivessem se dado a chance de tentar.
    Fico feliz que o senhor e tantos outros, não desistiram, confiaram em seu potencial e nas possibilidades de reabilitação e adaptação à nova condição de vida.
    Parabéns pelo texto!
    Abraços,

    Tharsila

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