09/10/2014

Só faltou o Louro José (2 de 5)

        Usei nome fictício nesta nota para proteger o personagem, mas a história é verdadeira.
        Antônio da Prata é do interior de São Paulo e foi parar no Lucy Montoro depois de levar um tiro. É trágico, mas ele faz questão de dar umas pinceladas de humor na própria desgraça: “Eu sou o cara errado que estava no lugar errado. Entrei num bar na minha cidade e, de repente, como se saísse do nada, apareceu um maluco dando tiro para tudo quanto é lado. Tinha mesmo de sobrar pra mim: uma bala me acertou nas costas. Fiquei paraplégico.”
        Em casa, uma sobrinha de Antônio foi pondo bichinhos de pelúcia numa prateleira que havia em seu quarto. Dali uns tempos ele contratou uma enfermeira e no primeiro dia de trabalho pediu à moça que lhe trouxesse o “papagaio” (recipiente que os cadeirantes usam para fazer xixi). Primeiro a moça percorreu os olhos pela prateleira dos bichinhos de pelúcia para depois pedir ao aflito paciente:

        - Seu Antônio, não estou vendo nenhum papagaio! Não serve um pinguim?

(Foto do Louro José)

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