27/12/2014

Zé Dirceu, gênio do mal bastante trapalhão

         Zé Dirceu é um gênio do mal bem trapalhão. Seu saco de maldades ainda não está vazio. Esperemos para ver de que ele ainda será capaz de aprontar até à morte. Deve viver ainda uns quarenta anos, pois, como diz a sábia gente do interior, erva ruim geada não mata...
         Confesso que já tive alguma simpatia por ele. Sua imagem se misturou por uns tempos à imagem dos operários do ABC Paulista. Sua transformação em gênio do mal foi rápida. Parece que o gênio do mal estava à espera de seu líder abocanhar o poder para germinar com a força da boa semente. Minha simpatia por ele esvaiu-se junto com aqueles dossiês que ele inventava sobre alguém que ele queria botar pra fora do governo, no início do primeiro mandato de Lula. Eram feitos, esses dossiês, com grande crueldade e revelavam o caráter de quem os inventava. Coisa de crápula, não existe adjetivo melhor para definir o caráter de Zé Dirceu do que este: crápula. Quando não se tem nada para atacar alguém, inventa-se, este é o lema.
         Ainda bem que é trapalhão, erra na dose de suas maldades, e a maldade acaba se voltando contra ele. Não fosse isso, seria insuportável o convívio com ele. O povo unido teria de expulsá-lo do país ou apedrejá-lo.
         Se fosse mais esperto não teria caído na esparrela do Mensalão. Tem gente que rouba muito mais que ele e sai ileso. Ele não. Confiou tanto na impunidade que se deixou abocanhar por um simples Roberto Jeferson.
         Sua prisão foi meio cá meio lá. Quase que o soltam com pedido de desculpas, como fizeram com o ladrão Paulo Roberto Costa ao ser demitido da Petrobras. Não se deve, contudo, brincar com Zé Dirceu. Dê-lhe um celular de bom alcance e ele pode – se já não o faz – arrumar confusões e mamatas de porte mundial.
         No período eleitoral nada de braçada rumo ao pódio. Eu estava assessorando um político catarinense – Leonel Pavan, 2009/2010 – e as lideranças de PSDB, DEM e PMDB haviam firmado um pacto com ele, de que seria o candidato a governador apoiado pelo seu partido, o PSDB, em coligação com DEM e PMDB. Roeram a corda a algumas semanas antes da convenção partidária e deixaram o pobre Pavan a ver navios.
         Zé Dirceu mandava na revista Isto É, através de uma aliança com o dono Domingos Alzugaray. O bombardeio contra Pavan começara com uma denúncia de que ele “mordera” cem mil reais de uma empresa fluminense para impedir, como vice-governador, que ela tivesse seu cadastro de contribuinte cassado em Santa Catarina, onde tinha várias operações no comércio de combustíveis.
         A denúncia tinha um dos pés quebrados, pois a empresa “pagou” os cem mil reais a Pavan, mas mesmo assim teve seu alvará cassado. O caso teve uma repercussão espetaculosa, bem acima do que merecia, pois o que menos importava era condenar Leonel Pavan e sim fazê-lo desistir da candidatura. Como bom tribuno que é, Pavan paparia fácil aquelas eleições.
         No auge das repercussões sobre o caso, também inflamadas pelo blog de Zé Dirceu, sai uma revista Isto É, com duas páginas de mentiras contra Pavan, com um conteúdo com certeza orientado pelo chefe do Mensalão.
         Não se sabe ao certo qual foi a motivação de Zé Dirceu em entrar pesado nesse caso; há vários possíveis motivos:
1º)- Facilitar a vida da candidatura do PT em Santa Catarina, único partido que se preparava para enfrentar a coligação PSDB, DEM, PMDB, com Ideli Salvatti.
2º)- Nacionalizar e ampliar uma primeira denúncia de corrupção do PSDB, que viria a ser o grande adversário do PT nas eleições presidenciais de 2010.
3º)- Proteger seu grande amigo, Edson Piriquito, prefeito do Balneário de Camboriú, da ascensão de Leonel Pavan. Piriquito nasceu na política pelas mãos de Leonel, mas a partir de 1909 a sombra do padrinho começava a ofuscar o afilhado.
4º)- Um pouco de cada uma dessas coisas também é uma hipótese nada desprezível.
         A menção à amizade entre Dirceu e Edson Piriquito ilustra bem as benesses que o poder distribui a quem sabe usá-lo, da maneira mais despudorada. De vez em quando, Zé passava uns dias no mais aprazível balneário do Sul do país – Camboriú. Casa ampla, super confortável, de frente para o mar, despensa e geladeira lotadas com o bom e o melhor que se pode conseguir numa região litorânea, vinhos de primeiríssima qualidade, tudo era fornecido pela prefeitura por exigência do ilustre visitante. Moeda de troca oferecida por Zé Dirceu: agilização de processos do interesse do município na tramitação em Brasília.

(Caricatura de Zé Dirceu feita por Aroeira)


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