05/11/2015

O Homem e a Cadeira de Rodas (5)

        Não é por falta de inteligência que as cidades brasileiras são o que são - verdadeiro horror para todas as pessoas que possuem algum tipo de deficiência física a perturbar a mobilidade. São assim por ganância, desleixo, ignorância, falta de humanismo e de cultura.
        Gostaria de compartilhar com meus leitores um texto que me foi enviado por um amigo de Belo Horizonte, o jornalista Valério Fabris, interessado nos assuntos que dizem respeito à urbanismo e urbanidade. É o que poderia ser chamado de manifesto em favor da acessibilidade urbana. Foi escrito por Haroldo Pinheiro, líder da entidade que orienta, disciplina e fiscaliza as atividades de arquitetos e urbanistas do Brasil – o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil).
        O universo sob a jurisdição do CAU abrange cerca de 130 mil arquitetos em todo o território nacional. Obra de Haroldo, o texto que você lerá agora é uma espécie de chama a reavivar as esperanças de que um dia as cidades brasileiras ainda vão descobrir um novo caminho, muito mais saudável, humano e civilizado para tratar os seus cidadãos:    

CALÇADAS E PRÉDIOS COM COMÉRCIO NO TÉRREO

“Temos no Brasil os piores exemplos mundiais de calçadas, de espaços para circulação.

        O que dá sustentação ao discurso de acessibilidade são as calçadas, hoje tão hostis às pessoas com dificuldade de locomoção, seja por idade, por acidente, por causas natais ou gravidez.
        É hora de exigirmos calçadas bem pensadas, desenhadas, construídas e conservadas, com pavimentação antiderrapante, sem que os carrinhos de bebês, os carros de serviços e as cadeiras de roda derrapem, deslizem ou trepidem.
        Precisamos trazer ao Brasil o valor que se dá aos espaços públicos em muitas cidades, como Paris, Nova York, Buenos Aires ou Montevidéu.
        É fundamental que haja, também, o aproveitamento das áreas térreas dos prédios para o comércio, que é o que se passou a chamar de fachada ativa.  Trata-se  do uso do térreo,  possibilitando-se a ligação entre o edifício e a calçada.  
        Que não existam, ao longo das calçadas, muros nos prédios, escondendo os seus primeiros andares, sendo que, do outro lado da rua, na parte de trás desses mesmos prédios, comumente também há as entradas de garagem.
        A gente passa a andar em uma cidade entre muros. É o muro de um condomínio, ou é o muro resultante do fechamento de uma garagem, porque o prédio fica em cima de um vão, convertido em garagem”.



"O que dá sustentação ao discurso de acessibilidade são as calçadas, hoje tão hostis às pessoas com dificuldade de locomoção, seja por idade, por acidente, por causas natais ou gravidez."

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