01/06/2017

Lembremo-nos de Ruy Mesquita

        “Os problemas do Brasil decorrem da péssima qualidade de sua classe política”. A frase é do jornalista Ruy Mesquita durante palestra em Curitiba proferida no início de 1989, no momento em que apenas se insinuava a candidatura de Fernando Collor de Mello: “Eu ainda não me decidi, mas acho que votarei nesse tal de Collor, até por falta de opções”, complementou para espanto de uma plateia de empresários paranaenses, que mal conheciam o “Caçador de Marajás”.

        Ruy Mesquita faleceu em 2013 e, portanto, não teve a infelicidade de presenciar tudo o que sua verdade seria capaz de produzir. O que ele já observara em vida – e que o fazia tão pessimista com o destino do país há mais de trinta anos – traduziu-se em café pequeno perto daquilo que ainda estava por vir... Temos hoje, de modo bem caracterizado, uma tragédia causada pela ampla, geral e irrestrita desqualificação da classe política...

        Sobra alguém? Aparentemente, não! Os demagogos de ontem começam a ser substituídos pelos demagogos de hoje e temos de nos preparar para mais uma década, pelo menos, de mentira, ladroagem e escárnio... A má qualidade parece estar na gênese da política brasileira...

CADÊ A LINHA DIVISÓRIA?

        O problema está – para ficarmos nos últimos 15 anos – na total destruição da linha divisória que deve separar com rigor o público do privado... A destruição começou com Luís Inácio Lula da Silva...

        Seus colegas metalúrgicos, lá da Villares, no ABC paulista, dizem que até o dedo que lhe falta numa das mãos é resultado de uma fraude: “Ele botou o dedinho esquerdo na guilhotina de propósito para receber gorda indenização do antigo INPS”, diz S.M., morador de Valinhos (SP) e que trabalhou com ele na metalurgia, em Santo André...

        O depoimento de Emílio Odebrecht à Lava Jato traz a confirmação de que ele sempre foi um líder sindical de duas faces: de dia marcava presença nas greves e nos piquetes, à noite se reunia com os patrões; sabemos lá se não delatava aos órgãos de segurança colegas-adversários da luta sindical... Pelo que se vê, caráter ele nunca teve...

        Trouxe para o governo a mesma promiscuidade da relação empregado/patrão na vida sindical. No infindável rol de depoimentos dos executivos da Odebrecht, perceberemos com facilidade que a empreiteira era uma espécie de cozinha do Governo (e vice versa) na maior promiscuidade já havida na história da República; até reuniões estratégicas para tratar das obras do Estádio do Corinthians, em Itaquera (SP), foram realizadas – pasmem! – na casa do dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que se mantém preso em Curitiba...

        No longo depoimento que prestou ao Juiz Sérgio Moro, dentro do inquérito que investiga o seu favorecimento por empreiteiras na compra e reforma do triplex do Guarujá, ele admitiu candidamente ser amigo de Leo Pinheiro (OAS) e Marcelo e Emílio (Odebrecht)... Disse que sabia separar o público do privado, mas mentiu cínica e descaradamente...

        Ele tinha uma conta corrente de milhões na Odebrecht, dinheiro administrado pelo amigão Antônio Palocci. Espera-se que isto fique definitivamente esclarecido com a delação de Antônio Palocci, em fase de negociação...

        O escândalo da J&F eclodiu menos de um mês depois de seu depoimento em Curitiba, de modo que Sérgio Moro foi poupado de ouvir mais uma de suas saraivadas de mentiras; como é que ele iria explicar a denúncia de executivos da J&F de que embolsou mais 80 milhões de propinas, sem falar do alardeado envolvimento de seu filho Lulinha nas asas da Friboi? (há tempos se ouve falar que Lulinha era sócio da JBS, mas até agora esse tipo de informação não emergiu, embora seja improvável que o BNDES tenha irrigado essas empresas com tanto dinheiro sem que o pai-presidente tenha exigido propina gorda para seu rebento)
       
        Os leitores de meu Blog – osobreviventeavc.blogspot.com.br – sabem há algum tempo  que ele, Lula, já entrou no governo imbuído das piores intenções; escrevi inúmeros textos comentando a informação de um editorial do jornal O Estado de S. Paulo (não por coincidência, os editoriais do jornal eram orientados pelo jornalista Ruy Mesquita), segundo a qual o presidente Lula vetou ainda em 2010 os dispositivos da Lei Orçamentária que fora aprovada pelo Congresso para bloquear despesas de contratos assinados pela Petrobras consideradas superfaturadas pelo TCU – Tribunal de Contas da União.

        E um detalhe importante: o veto presidencial foi encaminhado ao Congresso Nacional pela Mensagem nº41, de 26-01-2010, da Casa Civil da Presidência da República, cuja ministra-chefe era nada mais nada menos que a ilustríssima senhora Dilma Rousseff.

        Com isto, Lula e Dilma Rousseff abriram as porteiras para a grandiosa “farra do boi” com recursos da estatal que presenciaríamos nesta década...

        Pelo que sabemos hoje, o chefe dos procuradores da Lava Jato, Deltan Dallagnol, estava certíssimo em tudo o que afirmou – e demonstrou – em seu famoso, e maravilhoso, “power point”; ficou faltando o “power point” da Dilma Rousseff e, mais à frente, esperaremos pelo “power-point” de Michel Temer...

DILMA, A SANTA DO PAU-OCO

        Pupila de Lula, Dilma Rousseff tratou de esquecer toda a doutrina que aprendeu na militância em organizações armadas, pra jogar a ética no lixo e encher as burras de dinheiro...

        Hoje não mais, mas já foi usual pelos opositores do Impeatchment chamá-la de mulher honesta... Eu nunca vi honestidade nela, a não ser em suas crises de arrogância e mau humor; seu destempero fez dela um personagem esquisito dos muitos humoristas que a imitaram e ainda a imitam em festivais de deboche... Seria até cômico se não fosse trágico...

        Rezo para que um dia ela tenha de explicar quanto embolsou de comissão da roubalheira protagonizada por sua amiga Erenice Guerra, aquela mesma nomeada ministra em chefe da Casa Civil; terá de explicar ainda quanto recebeu de propina no escândalo da Petrobras; qual foi sua participação na compra da sucata de Pasadena; quanto embolsou de propina na roubalheira ocorrida nas obras de Abreu e Lima; quanto exatamente movimentou pela conta corrente que possuía no departamento de operações estruturadas da Odebrecht.

        E não é apenas isso, fora o que ainda está por ser revelado, e não será pouco, terá de explicar onde estão os 70 milhões que recebeu da J&F; e quanto levou de comissão nas obras de estádios que serviram para a realização da Copa do Mundo em seu governo; a grande maioria dessas obras foi superfaturada... O Brasil perdeu de 7 a 1, da Alemanha, mas a presidente da República no ano da Copa multiplicou por sete suas contas bancárias, espalhadas pelos paraísos ficais do planeta...

        O espantoso é que existem “intelectuais”, estudantes destes novos tempos, jornalistas, artistas e militantes do PT que ainda acreditam que ela é uma mulher honesta...

E CHEGAMOS A MICHEL TEMER

        Com sua empáfia, acreditávamos que ele fora responsável por pequenos roubos para ajudar amigos em campanha, mas sem exageros...

        Com perplexidade, descobrimos agora, com a história de sua conversa com Joesley Batista, da J& F, que Michel Temer é  tão sujo quanto os dois presidentes que o antecederam...

        Podemos esquecer até o conteúdo pusilânime da conversa... O fato de um presidente da República receber em casa, no Palácio Jaburu, altas horas da noite, um empresário imundo, saqueador do BNDES, investigado pelo Ministério Público, grande devedor da Previdência, já é um ato que o faz merecedor do impeachment...

        Temos de tomar cuidado com ele... O que um criminoso não poderá fazer para se manter no cargo? Michel Temer – isto ficou escancarado agora – sempre trabalhou contra a Lava Jato... É tão dissimulado quanto Dilma Rousseff...

        As pessoas de bem, a maioria absoluta dos brasileiros, devem ficar extremamente vigilantes a partir de agora... Temos de ficar preparados para sair às ruas aos milhões diante de qualquer ameaça mais séria de destruição da Lava Jato...

        Temos de imitar o que foi feito pela população da Romênia e da Coréia do Sul...

        A ameaça pode se materializar com a troca do diretor da Polícia  Federal, Leandro Daiello Coimbra, pelo ministro da (in) Justiça, o parceiro e cúmplice de Michel Temer, Torquato Jardim... Não foi pra fazer outra coisa além de destruir
a Lava Jato que essa imundície foi nomeada ministro da Justiça!


Jornalista Ruy Mesquita

Trio de ladrões...

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