18/03/2018

Direitos humanos: defensores e ativistas

 Sou defensor dos direitos humanos. E minha defesa brota das convicções mais profundas que carrego comigo desde jovem: são há muito tempo convicções universais e perenes.

Elas não mudam ao sabor dos ventos, das ideologias, dos regimes políticos, das religiões ou da cor da pele… são, eu diria, absolutamente estáveis.

Onde houver um ser humano no planeta Terra, este pode contar que estarei a favor de seus direitos , ainda que não consiga ajudar além de escrever e denunciar publicamente.

Se o regime político e a religião tornam obrigatória a mutilação de mulheres, estarei contra o regime e contra a religião; se o regime e a religião exigem que as mulheres cubram o rosto, estarei do mesmo modo contra o regime e contra a religião.

Sou visceralmente contra o trabalho escravo, contra a tortura, contra o que é chamado de “limpeza étnica”.  Entendo que todas as pessoas têm direito à saúde, à água potável, à educação, à moradia decente e à justiça… Ninguém deve ser condenado a morrer de fome, de frio ou de calor excessivo… Todos têm direito à liberdade...

GRANDES DIFERENÇAS

Vejam, portanto, que eu sou muito diferente dos que hoje são chamados de “ativistas dos direitos humanos”.

Os ativistas, como é essa gente do PSOL e do PT, são, antes de tudo, oportunistas. Não perdem nenhuma oportunidade de desfraldar a bandeira da defesa dos “direitos humanos”, desde que isto lhes traga algum dividendo político… e gostam muito de um cadáver, como no caso do assassinato da vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, a “ativista dos direitos humanos”, Marielle Franco.

Lamento pelo ocorrido com Marielle e com o seu motorista Anderson Gomes Silva,  mas como já escrevi, não chorarei por ela...

Na verdade, os ativistas têm geralmente uma visão volátil do que sejam direitos humanos… Suas convicções são, digamos, mutantes...

Começa que, para eles, os seres humanos do Brasil devem ser, digamos, muito diferentes dos seres humanos de Cuba ou da Venezuela, por exemplo… As convicções se alteram de acordo com as conveniências e o regime político...

AQUI UMA COISA, LÁ OUTRA

Aqui, combatem a prisão preventiva e a condução coercitiva... Em Cuba, apoiam a ditadura, apoiam a prisão de adversários do regime, a repressão contínua e descabida, apoiam o julgamento sumário e o fuzilamento… Nunca se ouviu por aqui uma só voz contra as prisões arbitrárias, a imprensa monocórdia e oficialesca, a ausência de eleições e de qualquer outro instrumento democrático em Cuba...

Quando a blogueira cubana, Yoani Sánchez, visitou o Brasil em fevereiro de 2013, trataram-na como vilã e inimiga… Das poucas vozes divergentes em Cuba, consentida para simular que o país retorna à democracia, Yoani foi assediada por manifestantes por todos os lugares por onde andou, sendo inclusive impedida de falar a um canal de televisão do Nordeste por gritos e xingamentos ensandecidos...

VENEZUELA

Mesma coisa em relação à Venezuela, onde o regime do ditador Nicolás Maduro está por assim dizer liberado para cometer as maiores atrocidades… A leva de refugiados venezuelanos que atravessa a fronteira com o Brasil para fugir da fome, da opressão, da miséria e da ausência de qualquer amparo na saúde pública, é encarada pelos ativistas como um fenômeno natural da mobilidade humana e não serve como indicador sequer da inadequação de um regime....

Em recente entrevista ao jornalista Enio Mainardi, a jurista Janaína Paschoal – esta sim, uma DEFENSORA dos direitos humanos – denunciou o perverso tratamento que o regime de Maduro dá aos meninos, de 19, 20 e 21 anos, que ousam sair às ruas para protestar contra o governo: são presos e recolhidos à La Tumba, onde permanecem incomunicáveis por longos e indefinidos períodos...

Um desses meninos – bradou comovida a jurista Janaína Paschoal - é o Lorente, mantido em La Tumba já há três anos ainda sem saber do que é acusado… A audiência de instrução, prevista em lei, pela qual saberia qual a acusação que o governo faz contra ele, já foi adiada por 45 vezes!”

Janaína Paschoal descreveu em detalhes La Tumba, sem qualquer dúvida um dos presídios mais tenebrosos do mundo ocidental: “Como o próprio nome sugere, La Tumba é um presídio subterrâneo construído na malha urbana de Caracas. As celas, sem luz natural, ficam embaixo de uma linha do metrô e os meninos enlouquecem com o barulho nas 24 horas do dia!”

Nunca se viu um só protesto dos ativistas brasileiros, como se os meninos venezuelanos não fossem humanos ...meninos eletrônicos talvez, espécie de robôs montados e financiados pelas forças reacionárias de direita com o propósito de desestabilizar o  governo legítimo de Nicolas Maduro.




Enio Mainardi e Janaína Paschoal

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